1916/1970. A vista distante desde o centro histórico e a sequência de aproximação ao conjunto construído da antiga fábrica dos Leões permite perceber que o seu principal valor consiste, estranhamente, na excessiva volumetria imposta, de forma abrupta, sobre a planura. Edifícios pensados, antes, a partir das máquinas que os habitavam, e muito pouco das pessoas, no seu sentido físico ou transcendente, reduzidas aqui a meros operadores, operários, simples peças da engrenagem.
PROGRAMA ORIGINAL. Construída em 1916, a Sociedade Alentejana de Moagem, tornou-se, na década de 1970, na Fábrica de massas Leões.
2006/2009. Um edifício parcialmente ocupado, já sem máquinas, apropriado pelo homem. Espaço que, pela sua dimensão, versatilidade e relação com o território, se desdobrou em espaços de ensino.
NOVO PROGRAMA. Universidade das Artes, Departamento de Artes Visuais e Departamento de Arquitectura
[-] subtracção. Retiram-se as construções anexas que não faziam parte da estrutura original da fábrica, limpam-se no interior dos espaços todas as construções provisórias. O conjunto fica incompleto mas os edifícios tornam-se claros na sua espacialidade.
[ ] adição. Adiciona-se um corpo que substitui as construções anexas e que configura de novo o terreiro; juntam-se oficinas que se associam a este mesmo corpo, uma cafetaria e um telheiro.
Adicionam-se, ainda, aos espaços existentes, infra-estruturas – dotando-os do conforto necessário ao ensino – e mobiliário.
[re]utilizar. No progressivo conhecimento dos espaços da antiga indústria e dos seus sistemas de funcionamento encontramos algumas das estratégias a reutilizar na construção da escola.
Desde logo, os imensos telheiros que protegiam o cais da linha férrea e outras áreas de carga ou descarga, que dificilmente poderiam contrastar mais na sua delicada leveza com a enorme massa das construções. Agora reintroduzidos, abrigam professores e alunos, ao invés de produtos e matérias-primas. Conformam o pátio principal e estabelecem relações visuais entre todos os espaços do conjunto, em cujo vazio central se forma um inesperado prado verde que remete para a ideia dos campa universitários, até agora distantes deste contexto. Qualquer coisa como a coluna vertebral que permite repor em funcionamento órgãos antes isolados, tornando-os parte de uma estrutura única.|
DESIGNAÇÃO DO PROJECTO:
Departamento de Artes e Arquitectura da Universidade de Évora
LOCALIZAÇÃO:
Évora, Portugal
DATAS:
Projecto: 2006/2009
Final da construção: segunda fase em construção
AUTORIA:
Arquitectura:
Inês Lobo Arquitectos Lda. com with Ventura Trindade Arquitectos Lda.
Equipas:
Inês Lobo, João Rosário, Gilberto Reis, Pedro Oliveira, Julia Varela, João Vaz, Sérgio Pereira, Rafael Marques, Emanuel Romão, Filipe Soares, Sónia Ribeiro, João Maria Trindade, Chiara Ternullo, Nuno Marcos, Lourenço Van Innis, Filipe Carvalho, Filipe Nunes, Nélson Rodrigues, Bruno Banha, Rita Figueiredo
ESPECIALIDADES :
Estruturas:
Pedro Morujão, ADF Engenheiros Consultores
Instalações Eléctricas, Telecomunicações e Segurança:
Ruben Sobral
Instalações:
Marta Azevedo, BETAR Engenheiros Consultores
Avac, Renováveis, Térmica, Acústica:
Guilherme Carrilho da Graça, NATURALWORKS
Paisagismo:
João Gomes da Silva, GLOBAL Arquitectura Paisagista
Revisão de projecto, medições, orçamentação:
Rui Prata Ribeiro, Lda. Serviços de Engenharia
FOTOGRAFIAS:
Leonardo Finotti